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  • 22 de ago. de 2021
  • 1 min de leitura

Atualizado: há 2 dias

Aqui está o poema "No Meio do Caminho" do escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade.


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Eu adoro como esse poema consegue ser tão simples e profundo ao mesmo tempo. Em versos repetidos propositalmente, Drummond convida-nos a olhar atentamente para o cotidiano e, através dele, perceber aquilo que Manuel Bandeira escreveu em seu livro Itinerário de Pasárgada:


“A poesia está em tudo – tanto nos amores como nos chinelos, tanto nas coisas lógicas como nas disparatadas.”


Sem dúvida! A poesia não só está em tudo como ela sempre esteve. E tudo que precisamos fazer para encontrá-la é prestar atenção naquilo que estamos prestando atenção.


"As descobertas que podemos fazer a partir do momento em que olhamos para o nosso cotidiano com mais delicadeza e poesia são infinitas." – Ana Holanda

  • 20 de jul. de 2020
  • 1 min de leitura

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Quando vier a Primavera,

Se eu já estiver morto,

As flores florirão da mesma maneira

E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

A realidade não precisa de mim.


Sinto uma alegria enorme

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.


Se eu soubesse que amanhã morria

E a Primavera era depois de amanhã,

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.

Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?


Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.

Por isso, se morrer agora, morro contente,

Porque tudo é real e tudo está certo.


Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.

O que for, quando for, é que será o que é.


(Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)

Post relacionado: Flores novas no jardim.

  • 23 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

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Aqui está um poema de Daniel Faria que compartilhei no Twitter, na semana retrasada. Gosto dele porque é simples, direto e otimista. "Seja o que for, será bom", não importa o que aconteça. Mesmo que algo ruim me afete, em alguma medida, isso será bom. Porque tudo é aprendizado.


"Ninguém sai da vida tal como entrou."

Epicuro


Essa é uma visão estoica, sem dúvida. E me fez lembrar de duas coisas: a primeira é o livro Aprendendo a Viver do Sêneca, que terminei de ler recentemente; a segunda é uma entrevista da Matilde Campilho para a série Sangue Latino.


No episódio 128 de Sangue Latino, o jornalista Eric Nepomuceno entrevista a poetisa Matilde Campilho. Então, em dado momento da entrevista, ele pergunta a ela o seguinte: "como é que você lida com o erro?" E ela responde algo que é fascinante:


"O erro... eu acho mesmo que o erro é construção. Ontem mesmo eu pensava nisso. Se alguma coisa se atravessa no meu caminho, isso destrói a construção ou é parte dela?"


Hoje, eu acho que é parte dela. O erro é parte da construção. No entanto, muitas vezes, sinto que é difícil aceitar o erro. Eu não quero errar. Quem quer? Ninguém. Matilde continua:


"Nos últimos anos da minha vida, olhando para trás, sempre que aconteceu o erro, houve uma renovação da história. Houve um começo novo e depois quando a gente olha outra vez, não é exatamente um começo novo, aquilo era uma vírgula e era necessária."


O erro é como uma vírgula necessária. Uma pausa para dar sentido ao texto. O erro faz parte do processo de aprendizagem. Geralmente, depois que você erra, você aprende. Assim como, depois da chuva vem o sol.

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