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  • 13 de out. de 2022
  • 1 min de leitura

Uma vez ouvi o professor, escritor e filósofo Mario Sergio Cortella dizer que “algumas pessoas são capazes de tecer maravilhas”. Eu concordo. E acho que a escritora Matilde Campilho consegue fazer isso muito bem em seus livros. Veja a imagem abaixo, onde trago um pequeno recorte do poema, NOTÍCIAS ESCREVINHADAS NA BEIRA DA ESTRADA, do livro Jóquei:

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No fim, também não sei se Amelia viu rostos incríveis nas estrelas, mas eu os tenho visto praticamente todos os dias pela tela de um computador. E, se a raça humana e toda brilho, então deixe-me aumentar o brilho da tela.


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A minha vida é um maremoto. É uma movimentação intensa, agitada e profunda. Essa movimentação costuma gerar, dia após dia, uma onda de sentimentos bons e ruins. Esses sentimentos surgem inesperadamente na minha cabeça e, com frequência, os sentimentos ruins tomam conta do terreno e contaminam aqueles que são, na sua essência, bons. Nos momentos em que isso acontece, eu me sinto profundamente triste, é claro.


Em uma entrevista para a TV Cultura, Clarice Lispector disse: "O adulto é triste e solitário". Tens razão, Clarice. Nos últimos anos, sinto que tenho me tornado uma pessoa mais triste e solitária. Eu tenho muita dificuldade de me relacionar com as pessoas e não consigo manter contato com elas. Confesso que gostaria muito, mas, como eu disse, minha vida é um maremoto. E, no fundo, acho que sempre tive esse problema. Isso me afeta? Claro. Me afeta muito! Se eu dissesse que não, estaria mentindo para mim mesmo.


Por outro lado, eu até que gosto de ficar sozinho, sabe? Especialmente para pensar sobre a vida, como estou fazendo agora. Tem um poema e título de um livro de Charles Bukowski que resume o que estou tentando dizer aqui: Você fica tão sozinho às vezes que até faz sentido. Acho que, com o passar do tempo, vamos nos acostumando a ficar sozinhos.


Alguns dias atrás andei ouvindo a canção Tidal Wave do Old Sea Brigade. Foi ela que inspirou-me a pensar que a minha vida é um maremoto, literalmente. Mas, deixe-me abrir um parênteses aqui para dizer o seguinte: umas das coisas mais incríveis do Spotify é, sem dúvida, a possibilidade de descobrir artistas e músicas que você nunca tinha ouvido antes. Obrigado algoritmo. Essa música não sai da minha cabeça. Agora, fechando o parênteses e voltando ao que eu estava dizendo antes, toda vez que me sinto triste e solitário, tento encontrar alguma coisa para me animar. Eu fico pensando: a minha vida não pode ser tão ruim assim... Então começo a me comparar com os outros, principalmente pelo Instagram e... ah, isso é uma merda! O que tem me ajudado a lidar um pouco com esse tipo de coisa é meditar, orar e escrever nos meus diários o que estou sentindo naquele exato momento. Também descobri, recentemente, que toda vez que ouvia Tom Waits lendo o poema The Laughing Heart de Charles Bukowski, eu me sentia super bem. Então, fica a dica.


Por fim, para dizer a verdade, eu comecei esse texto sem saber muito bem onde ele ia dar exatamente. Só fui escrevendo, entende? Eu meio que precisava colocar isso para fora de alguma forma. Mas, já que chegamos até aqui, acho que vale a pena compartilhar, por escrito, o poema de Bukowski, que citei acima, para que você, assim como eu, possa sentir o coração risonho por pelo menos alguns instantes ainda no dia de hoje. Aqui está:


“The Laughing Heart


your life is your life

don’t let it be clubbed into dank submission.

be on the watch.

there are ways out.

there is a light somewhere.

it may not be much light but

it beats the darkness.

be on the watch.

the gods will offer you chances.

know them.

take them.

you can’t beat death but

you can beat death in life, sometimes.

and the more often you learn to do it,

the more light there will be.

your life is your life.

know it while you have it.

you are marvelous

the gods wait to delight

in you.”



Ei, não deixe de ouvi-lo na voz de Tom Waits.

  • 22 de ago. de 2021
  • 1 min de leitura

Atualizado: há 2 dias

Aqui está o poema "No Meio do Caminho" do escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade.


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Eu adoro como esse poema consegue ser tão simples e profundo ao mesmo tempo. Em versos repetidos propositalmente, Drummond convida-nos a olhar atentamente para o cotidiano e, através dele, perceber aquilo que Manuel Bandeira escreveu em seu livro Itinerário de Pasárgada:


“A poesia está em tudo – tanto nos amores como nos chinelos, tanto nas coisas lógicas como nas disparatadas.”


Sem dúvida! A poesia não só está em tudo como ela sempre esteve. E tudo que precisamos fazer para encontrá-la é prestar atenção naquilo que estamos prestando atenção.


"As descobertas que podemos fazer a partir do momento em que olhamos para o nosso cotidiano com mais delicadeza e poesia são infinitas." – Ana Holanda

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